O desejo de ser médica me acompanhou a vida inteira. Dizem, os mais íntimos, que nasceu comigo. Sempre foi natural e muito congruente com meus demais sonhos.

Estudei em escolas religiosas até metade do ensino médio. Adorava as ciências humanas e sociais, tanto quanto a biologia e a educação física. Passei anos da adolescência dançando em uma companhia de dança moderna no mesmo bairro que nasci na periferia de Belém – PA, sempre às voltas de muitas meninas e mulheres fortes. O futuro à vista me parecia bem feminino.

Poucas vezes entrei em hospitais ou centros médicos antes da Universidade, talvez por isso me perceber com hematofobia (medo de sangue). Alguns meses de terapia e várias expedições médicas para atender ribeirinhos nos rios do Baixo Acará me ajudaram na desmobilização dessa fobia. Nesses anos também percebi que a boa prática médica tinha uma indispensável aliada: a boa escuta. Eu estava aprendendo a escutar a outra pessoa e perceber que muitas questões que impactavam diretamente a saúde advinham dos conflitos vividos nas relações afetivas mais íntimas.

Passado o medo de sangue, estranho seria se não me apaixonasse pela Ginecologia e Obstetrícia, duas disciplinas irmãs, lindas e unidas pelo mesmo palco reprodutor e sexual da mulher. Ambas em profundo diálogo com as questões socioculturais, recortadas por quereres, que não são verbalizados mas que por vezes aparecem escritos no corpo e no sofrimento psíquico.

Eu estou aqui. Sou Érika Mendonça e é isso que amo fazer: aliviar o sofrimento de quem me procura.